Consumidores de Itaituba recebem alimentos direto dos agricultores familiares
Uma iniciativa inovadora de comercialização de alimentos
acaba de ser inaugurada em Itaituba, no Pará. Pela primeira vez na
região, vinte consumidores da cidade receberam uma cesta com produtos,
como hortaliças, feijão, milho, frutas, ovos e castanha-do-pará,
diretamente das mãos daqueles que o cultivaram.
Batizada de Rede de Comercialização Solidária do Tapajós, a
iniciativa reúne 23 agricultores do Projeto de Assentamento Cristalino
II, localizado em Aveiro (PA), e do entorno. Eles organizam semanalmente
as cestas, levadas até Itaituba aos sábados, com o conteúdo escolhido
pelos clientes a partir de uma cartela de opções que segue o calendário
agrícola – entre março e abril há mais de 30 produtos ofertados.
Pela entrega semanal, cada consumidor paga R$ 200 por mês.
Além do valor ser inferior à média praticada em pontos tradicionais de
venda da região, ainda há a vantagem de se saber a origem do produto. Há
outro benefício embutido: menos desperdício, pois antes os agricultores
descartavam o que não era consumido pela própria família por falta de
mercado ou logística de transporte.
“Adoramos a cesta, é muito farta e com ótima qualidade e
preço”, disse Bruno Matos, um dos consumidores, ao receber sua primeira
entrega no sábado (19). Todas as 25 cestas levadas para Itaituba foram
retiradas, o que para o cliente Ademir Gouveia “demonstra o empenho dos
envolvidos e a necessidade deste tipo de experiência”. “Ações assim são
de fato transformadoras”, afirmou o consumidor Lucas Coutinho.
A iniciativa tem apoio do IPAM (Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazônia) via Projeto Assentamento Sustentável na Amazônia
(PAS), financiado pelo Fundo Amazônia, com parceria de diversas
entidades e instituições do território BR 163/Tapajós: associações de
agricultores familiares, os STTRs de Aveiro e Itaituba, SINTTRAF Alto
Tapajós, CODETER BR 163, ICMBio, Sebrae, Secretaria de Agricultura de
Itaituba, SENAR, BASA, EMATER e SEDAP.
Para o pesquisador Edivan Carvalho, coordenador regional do
IPAM em Itaituba, a experiência aproxima a agricultura familiar de um
mercado estratégico, ligado à economia solidária. “A Rede Solidária
oferece a esses agricultores uma alternativa para superarem a
vulnerabilidade produtiva, social e ambiental a qual estão expostos”,
afirma. Carvalho acredita que o modelo pode se tornar uma referência
para outras regiões da Amazônia que enfrentam o mesmo desafio de
escoamento da produção familiar.
A equipe técnica do IPAM apoia a iniciativa assessorando os
agricultores familiares na organização da produção, com a logística de
coleta, transporte e entrega de produtos, realizando capacitações,
disponibilizando insumos de embalagens e orientando os membros da Rede
Solidária sobre o processo de gestão e interlocução entre quem produz e
quem consome.
Fonte: IPAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário