quinta-feira, 24 de março de 2016

'É hora de Dilma ir', diz revista 'The Economist'

Image Getty
A mais recente edição da revista britânica The Economist traz artigo sobre o Brasil com o título "Hora de ir", em referência ao governo da presidente Dilma Rousseff. A revista é publicada no final da semana, mas a capa da edição latino-americana - estampada pela presidente brasileira - foi divulgada no Twitter nesta quarta-feira.
"As dificuldades da presidente têm se aprofundado há meses", diz o artigo, agregando que o escândalo de corrupção na Petrobras "implicou pessoas próximas a ela. Ela preside sobre uma economia na pior recessão desde os anos 1930, em grande parte por causa de erros que ela cometeu durante seu primeiro mandato. Sua fraqueza política deixou seu governo quase sem poder diante do aumento do desemprego e da queda do padrão de vida."
A revista opina que Dilma "perdeu o que lhe sobrava de credibilidade" com a nomeação - no momento suspensa por decisão do Supremo Tribunal Federal - do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Civil.
"Este periódico há tempos argumenta que apenas o Poder Judiciário e os eleitores - e não políticos agindo em interesse próprio que buscam seu impeachment - poderiam decidir o destino da presidente. Mas a contratação de Lula pareceu uma tentativa grosseira de mudar o curso da Justiça", diz o artigo.
"Mesmo que essa não tenha sido a intenção (de Dilma), esse seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os interesses de sua tribo política em vez da lei. Por isso, ela se tornou inapta a continuar sendo presidente."
A revista argumenta, porém, que não vê motivos para o impeachment e que os processos abertos contra Dilma no Congresso "são baseados em alegações não comprovadas" das chamadas pedaladas fiscais - e de que essa saída pareceria um "pretexto" para remover uma presidente impopular. "Democracias representativas não podem ser governadas por protestos e pesquisas de opinião", opina a Economist.
Para a revista, "o jeito mais rápido e melhor para Dilma deixar o Planalto seria que ela renunciasse antes que seja forçada a sair".
"Sua saída ofereceria ao Brasil a chance de um recomeço", prossegue a reportagem. "Mas a renúncia não resolveria, por si só, os muitos problemas do Brasil. Seu lugar seria inicialmente ocupado pelo vice Michel Temer (...), cujo partido está tão implicado no escândalo da Petrobras quanto o PT."
"Muitos políticos que participariam de um governo de unidade, inclusive alguns da oposição, são vistos como representantes de uma classe dominante desacreditada. Dos 594 membros do Congresso, 352 enfrentam acusações criminais. Uma nova eleição presidencial daria aos eleitores a oportunidade de confiar as reformas a um novo líder. Mas até isso manteria esse Legislativo apodrecido no poder até 2019."

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