'É hora de Dilma ir', diz revista 'The Economist'
Image Getty
A mais recente edição da revista britânica The Economist traz artigo sobre
o Brasil com o título "Hora de ir", em referência ao governo da
presidente Dilma Rousseff. A revista é publicada no final da semana, mas
a capa da edição latino-americana - estampada pela presidente
brasileira - foi divulgada no Twitter nesta quarta-feira.
"As dificuldades da presidente têm se aprofundado há
meses", diz o artigo, agregando que o escândalo de corrupção na
Petrobras "implicou pessoas próximas a ela. Ela preside sobre uma
economia na pior recessão desde os anos 1930, em grande parte por causa
de erros que ela cometeu durante seu primeiro mandato. Sua fraqueza
política deixou seu governo quase sem poder diante do aumento do
desemprego e da queda do padrão de vida."
A revista opina que Dilma "perdeu o que lhe sobrava de
credibilidade" com a nomeação - no momento suspensa por decisão do
Supremo Tribunal Federal - do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à
Casa Civil.
"Este periódico há tempos argumenta que apenas o Poder
Judiciário e os eleitores - e não políticos agindo em interesse próprio
que buscam seu impeachment - poderiam decidir o destino da presidente.
Mas a contratação de Lula pareceu uma tentativa grosseira de mudar o
curso da Justiça", diz o artigo.
"Mesmo que essa não tenha sido a intenção (de Dilma), esse
seria o efeito. Esse foi o momento em que a presidente escolheu os
interesses de sua tribo política em vez da lei. Por isso, ela se tornou
inapta a continuar sendo presidente."
A revista argumenta, porém, que não vê motivos para o
impeachment e que os processos abertos contra Dilma no Congresso "são
baseados em alegações não comprovadas" das chamadas pedaladas fiscais - e
de que essa saída pareceria um "pretexto" para remover uma presidente
impopular. "Democracias representativas não podem ser governadas por
protestos e pesquisas de opinião", opina a Economist.
Para a revista, "o jeito mais rápido e melhor para Dilma
deixar o Planalto seria que ela renunciasse antes que seja forçada a
sair".
"Sua saída ofereceria ao Brasil a chance de um
recomeço", prossegue a reportagem. "Mas a renúncia não resolveria, por
si só, os muitos problemas do Brasil. Seu lugar seria inicialmente
ocupado pelo vice Michel Temer (...), cujo partido está tão implicado no
escândalo da Petrobras quanto o PT."
"Muitos políticos que participariam de um governo de
unidade, inclusive alguns da oposição, são vistos como representantes de
uma classe dominante desacreditada. Dos 594 membros do Congresso, 352
enfrentam acusações criminais. Uma nova eleição presidencial daria aos
eleitores a oportunidade de confiar as reformas a um novo líder. Mas até
isso manteria esse Legislativo apodrecido no poder até 2019."
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