segunda-feira, 6 de junho de 2016

Novo vídeo mostra a menor de 16 anos sendo abusada e tentando reagir

Um novo vídeo encontrado pela polícia no celular de Raí de Souza, de 22 anos, preso por envolvimento no caso do estupro coletivo no Morro do Barão, na Zona Oeste do Rio, mostra a menor de 16 anos sendo abusada e tentando reagir. Foi do mesmo aparelho que saiu o vídeo compartilhado nas redes sociais no fim de maio e que deu início a investigação do caso. A informação foi divulgada neste domingo (5) pelo Fantástico.
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Na última sexta-feira (3), o celular de Raí de Souza, que está preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, foi apreendido pela Polícia Civil. Em seu primeiro depoimento, Raí chegou a afirmar que havia destruído o aparelho.
No equipamento, foram encontradas provas que não deixam dúvidas sobre o crime, segundo a polícia. Aparece o seguinte diálogo:
“Não o que, pô?,” pergunta um dos criminosos.
“Ai”, reclama a adolescente, com dor.
Com as novas provas, os investigadores começam a montar a cronologia dos fatos.
“Já está provado o crime de estupro. O desafio da polícia é provar a extensão desse crime. Quantos autores e quem praticou esse crime”, explicou a delegada responsável pelo caso, Cristiana Bento.
Cronologia dos acontecimentos
De acordo com o que se sabe até agora, a adolescente saiu de um baile funk com Raí, o jogador de futebol Lucas Perdomo, de 20 anos, e mais uma garota às 7h da manhã de sábado, 21 de maio. Na festa, eles teriam feito uso de bebidas alcoólicas, maconha e cheirinho da loló. Os quatro foram a uma casa abandonada da comunidade do Morro do Barão, na Zona Oeste.
Às 10h do mesmo dia, Raí, Lucas e a outra menina decidiram sair do local, deixando para trás a menor, que ainda está sob o efeito de drogas.
Às 11h, a menina teria sido encontrada desacordada pelo traficante Moisés Camilo de Lucena, conhecido como Canário, de 28 anos. O homem pegou a jovem e a levou para outra casa. Ele teria sido o primeiro a estuprá-la. Canário é suspeito e está foragido.
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As investigações apontam que a adolescente foi estuprada, no mínimo, duas vezes: no sábado pela manhã e no domingo, à noite. Os policiais acreditam que o número de envolvidos no crime possa ser maior.
Quando a jovem foi violentada na noite de domingo, Raí chegou em uma casa da comunidade acompanhado de Raphael Duarte Belo, de 41 anos, e de um homem identificado como Jefinho. Neste segundo momento, eles abusaram da adolescente, gravaram vídeos e tiraram fotos.
Denúncia após divulgação de vídeo
Dois dias depois, o vídeo do estupro caiu na internet e a forte reação popular forçou a menor a fazer a denúncia. No áudio do vídeo, Raí e Raphael insinuam que mais de 30 homens participaram do crime. A polícia acredita que este número possa não ser real. Os 30 seriam uma referência a um funk famoso na região, de MC Smith.
“A gente tem a prova material que o Raphael, o Raí, o chamado Jefinho e o Moisés Lucena, o Canário, abusaram sexualmente dessa menina”, explicou a delegada.
Manifestações de apoio público a jovem violentada ocorreram em todo o país. Na comunidade do Barão, na Zona Oeste do Rio, os moradores fizeram uma manifestação de apoio aos acusados.
Mas, no celular de Raí de Souza, áudios revelam que uma parte desses moradores foi obrigada a se manifestar pelo chefe do tráfico da área.
“Mano mandou ir no protesto. Se não for, é com eles mesmo. Mano mandou ir no protesto”, dizia o áudio.
Cristiana Bento nega a versão, que circulou em redes sociais, de que os traficantes de comunidades do Rio não praticariam viol~encia sexual.
“Isso não existe. Eles estupram, eles matam, eles intimidam”, explicou a delegada
Raí e Raphael estão presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste. Lucas Perdomo também chegou a ser preso, mas acabou sendo solto por falta de provas de sua participação no crime. Ao todo, cinco suspeitos estão foragidos.
“Eles vão responder pelos dois crimes. Pelo estupro e pela produção e divulgação de imagem de criança e adolescente. Que seja uma pena exemplar para mostrar para a comunidade que existe lei e que a lei quem faz é o Estado”, contou Cristiana Bento.
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