A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira nova fase da operação
Zelotes, que investiga suspeitas de manipulação de julgamentos no
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), incluindo buscas nas
dependências do Itaú Unibanco relacionadas a processos do BankBoston.
"Esta
nova etapa da operação aponta a existência, entre os anos de 2006 e
2015, de conluio entre um conselheiro do Carf e uma instituição
financeira. O esquema criminoso envolvia escritórios de advocacia e
empresas de consultoria", disse a PF em comunicado.
A nota da
Polícia Federal não identificou a instituição financeira citada, mas o
Itaú Unibanco confirmou em nota à imprensa que houve diligência nas
dependências do banco, com o objeto da operação sendo documentos
relativos a processos tributários do BankBoston.
A instituição
financeira disse que o contrato de aquisição com o Bank of America das
operações do BankBoston do Brasil, em 2006, não abrangeu a
transferência, para o Itaú, dos processos tributários do BankBoston e
que por isso "esses processos continuaram de inteira responsabilidade do
Bank of America".
"O Itaú não tem qualquer ingerência em tal
condução, inclusive no que se refere à eventual contratação de
escritórios ou consultores", disse o banco na nota.
Segundo
comunicado da PF, "houve sucesso na manipulação de processos
administrativos fiscais em ao menos três ocasiões" como resultado da
atuação irregular do conselheiro do Carf, órgão vinculado ao Ministério
da Fazenda.
Cerca de cem policiais federais participam da nova
fase da operação, que visa o cumprimento de 34 mandados judiciais, sendo
21 de busca e apreensão e 13 de condução coercitiva, nos Estados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco.
A Zelotes foi deflagrada em
março de 2015 com o objetivo de desarticular organizações criminosas que
atuavam junto ao Carf, causando prejuízo aos cofres públicos com a
manipulação de julgamentos no órgão que é responsável por julgar
recursos contra decisões da Receita Federal.
Posteriormente, a operação também passou a investigar suposto pagamento de propina para a edição de medidas provisórias.
A
operação já levou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a
virar réu em uma ação que tramita na Justiça Federal do Distrito
Federal.
(Reportagem adicional de Ana Mano e Paula Arend Laier, em São Paulo)
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