“Maconha no Brasil foi liberada lá, lá,
lá, lá… até o Presidente já fumou lá, lá, lá, lá”. A paródia cantada por
grupos de escoteiros, durante treinamentos, nas décadas de 70/80 e
início dos anos de 1990, parece ter virado realidade em Santarém, no
Pará e no Brasil, onde denúncias e estatísticas apontam jovens, como os
principais consumidores de drogas.
Por conta disso, moradores das
principais cidades do País acompanham com preocupação o aumento do
consumo de drogas por crianças e adolescentes. Em Santarém, grupos de
jovens são vistos em plena luz do dia consumindo drogas na área central
e, em diversos bairros do subúrbio da cidade, sendo a maconha a mais
consumida.
Entre os pontos críticos estão: Praça
Mirante do Tapajós, orla da cidade, além dos bairros Bela Vista,
Urumarí, Santo André, Santarenzinho, Jaderlândia, Matinha, Diamantino,
São José Operário, Área Verde, entre outros.
A Praça do Mirante, localizada no centro
cidade, está sendo palco de constantes brigas de adolescentes
envolvidos com o consumo e tráfico de drogas. A informação foi
confirmada por estudantes e frequentadores do lugar. A violência na
praça, considerada um dos principais pontos turísticos mais visitados da
cidade, de onde é possível prestigiar o encontro das águas dos rios
Amazonas e Tapajós, tem assustado jovens.
Sem vigilante, o espaço está sendo
depredado, os bancos estão quebrados, o corrimão está enferrujado, o
mato encobre a vista do encontro das águas. Na escada que dá acesso à
praça, os ladrilhos estão se soltando. As pessoas que ainda trabalham
nas barracas de venda de comida reclamam do pouco movimento e atribuem
isso a falta de segurança no local e também de estrutura adequada.
Na orla da cidade, são constantes as
denúncias de moradores e usuários com relação a desordens praticados por
jovens, como poluição sonora, consumo de álcool e drogas, disputas de
rachas e exposição sexual, principalmente em frente ao Museu João Fona e
no entorno da Praça São Sebastião.
Os casos mais recentes são de vídeos que
circulam pelas redes sociais em que jovens aparecem brigando em frente
ao museu, e mulheres fazendo cenas obscenas.
Já no bairro Bela Vista, na Grande Área
da Nova República, segundo fontes, jovens estão sendo recrutado por
traficantes para a prática do comércio de entorpecentes. O grande índice
de menores de idade que consomem drogas no local assusta os moradores.
“Isso aqui é um morro. Tem pouca diferença dos morros do Rio de Janeiro.
A gente convive com medo, no meio dos criminosos. São pessoas vendendo e
consumindo drogas. Outros atiram somente para intimidar os moradores.
Quem busca fazer algum tipo de denuncia corre risco de morte”, denuncia
uma moradora, que pediu para ter a identidade preservada.
ESTATÍSTICA: A Pesquisa
Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz dados alarmantes
sobre os hábitos dos adolescentes brasileiros. O trabalho foi realizado
com estudantes concluintes do 9º ano em escolas públicas e privadas de
todo o País, a maioria entre 13 e 15 anos. Os resultados mostram que o
percentual de jovens que já experimentaram bebidas alcoólicas subiu para
55,5% nos últimos anos.
Entre as drogas ilícitas, 4,2% dos
entrevistados revelaram ter feito uso nos 30 dias que antecederam a
pesquisa — um indício que eles fazem uso regular das substâncias, num
percentual maior entre os meninos (4,7%) que as garotas (3,7%). O estudo
questionou o uso específico da maconha, e 4,1% dos estudantes revelaram
terem fumado nos últimos 30 dias antes do preenchimento do
questionário.
O levantamento mostra, inclusive, uma
mudança do papel no Brasil no tráfico internacional. Antigamente, o país
era usado como rota de passagem para a cocaína, que vinha da Colômbia,
Bolívia e do Peru e seguia para os EUA ou a Europa. Hoje ela já para por
aqui – até 60% da droga produzida na Bolívia tem o nosso território
como destino.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto
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