Homero Amilcar Nedel foi preso após agredir juiz com socos — Foto: TV Centro América/Reprodução
Homero Amilcar Nedel passou por
audiência de custódia após ser preso em Paranatinga. Ele teria
questionado juiz sobre as medidas que ele determinou uma audiência em
que a filha dele, também advogada, participou.
O advogado Homero Amilcar Nedel, de 59 anos, que foi preso em
Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, suspeito de ter agredido com socos o
juiz Jorge Hassib Ibrahim, de 38 anos, passou por audiência de custódia
nessa quinta-feira (27).
A audiência foi feita em Primavera do Leste, a 239 km de Cuiabá. Nela, a
Justiça de Mato Grosso determinou que o advogado fique preso
preventivamente em uma sala de Estado Maior dentro do quartel da Polícia
Militar em Paranatinga.
Nedel foi preso na quarta-feira (26) depois que entrou no gabinete da
2ª Vara Criminal, onde o magistrado estava, e o agrediu fisicamente. O
advogado estava gritando e perguntando sobre a audiência que o juiz
havia feito um dia anterior com a filha de dele, que também é advogada.Testemunhas disseram que o advogado queria tirar satisfações com o juiz a respeito da audiência em que a filha – também advogada, participou.
A Polícia Civil informou que o advogado, antes de agredir o juiz, ameaçou outro homem, de 60 anos, que é proprietário de uma oficina mecânica. O advogado teria ameaçado a vítima com um facão.
Ele foi interrogado pelo delegado Pablo Borges Rigo e atuado pelos
crimes de homicídio doloso na modalidade tentada, lesão corporal,
desacato e coação no curso do processo.
As duas ocorrências, no Fórum e na oficina, foram motivadas por
desentendimentos de um processo judicial em a filha do suspeito, também
advogada, é parte.Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT) lamentou e repudiou a agressão cometida por Nedel. Afirmou que adotará as medidas administrativas no Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da instituição.
Tribunal de Justiça de Mato Grosso
O desembargador Rui Ramos, presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), viajou para Paranatinga após o juiz ter sido agredido.
“Se fosse o inverso, o juiz teria sido afastado das funções imediatamente pela Corregedoria Geral da Justiça, não tenho a menor dúvida disso”, diz trecho da nota.
Conforme a legislação, a sala de Estado Maior é uma estrutura do sistema penitenciário destinada a receber presos que sejam advogados inscritos na OAB, juízes, desembargadores, promotores e procuradores do Ministério Público.
A prerrogativa é determinada pelo Estatuto do Advogado e pelas leis orgânicas da magistratura nacional, do Ministério Público da União e do Ministério Público dos estados.
A sala de Estado Maior é uma estrutura diferente de uma cela: é um ambiente sem grades, localizado em unidades prisionais, em quartéis militares ou em batalhões de forças de segurança, com instalações que permitam banho de sol, comodidade e higiene, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por Denise Soares, G1 MT
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