Indígenas Munduruku produziram livro
na língua da etnia que cataloga plantas e animais fontes de alimentação
e saúde para esse povo. "Kuyjeat Posũg̃ – Saúde e alimentação
Munduruku" também ensina como utilizar essas matérias-primas e informa
as vantagens dos produtos naturais em relação aos industrializados. O
objetivo é que os cerca de 3,6 mil estudantes Munduruku do sudoeste do
Pará tenham acesso a esses conhecimentos tradicionais na língua própria.
Com tiragem de 500 exemplares, a
obra está sendo distribuída neste final de 2016 nas 48 escolas Munduruku
do alto e médio Tapajós. Os autores são cursistas de Magistério
Intercultural pelo Projeto Ibaorebu de Formação Integral Munduruku,
executado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). A pesquisa que deu
origem ao livro foi feita em 2014, durante etapa de formação ministrada
sob a orientação dos professores Cailo Almeida, Claudeth Saw e Zenildo
Saw.
A impressão do livro foi feita com
recursos provenientes de acordo judicial proposto pelo Ministério
Público Federal (MPF) ao município de Jacareacanga e aceito pela Justiça
Federal em Itaituba em processo em que o MPF cobra do município a
regularização dos serviços de educação indígena aos Munduruku, com
caráter de educação diferenciada, intercultural, bilíngue e de
qualidade, e reparação aos índios pelos danos morais coletivos sofridos
pela demissão de professores indígenas.
"Esse é apenas o primeiro de uma
série de trabalhos que o projeto Ibaorebu pretende publicar", informa o
indigenista e historiador André Raimundo Ferreira Ramos, que coordena o
projeto da Funai. Segundo Ramos, o material que o Ibaorebu reuniu é
amplo porque o projeto trata a pesquisa como princípio educativo para
estudar qualquer tema do cotidiano dos Munduruku.
Em Kuyjeat Posũg̃, por exemplo, o
uso das plantas medicinais é abordado não só em seus efeitos curativos
mas também preventivos, e a riqueza nutritiva de animais próprios da
alimentação Munduruku, como o porco-do-mato e a anta, é comparada a
fontes não tradicionais, como o porco e o boi criados para abate.
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
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