Traficante repassava papéis para cela ao lado e mulher de outro detento levava para digitação fora de presídio. Lucro mensal de criminoso chegava a R$ 1 milhão por mês.Através de bilhetes, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, envia ordens do presídio federal de Porto Velho, em Rondônia, para advogados e integrantes de sua família. Dessa forma gerenciou, pelo menos, durante o último ano e meio, a diversificação de seus negócios. Agora, além do tráfico de drogas, o criminoso lucra com a exploração de serviços como a venda de botijões de gás até um percentual nas máquinas de caça-níqueis instaladas em três comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Os lucros, de acordo com os investigadores, chega a R$ 1 milhão por mês.
Nesta manhã, foram presos cinco filhos do criminoso e um braço-direito do traficante no Ceará. A PF também prendeu Alessandra da Costa, irmã do traficante e apontada como sua conselheira e uma de suas advogadas. Outros dois advogados também foram presos. Débora da Costa, outra irmã, moradora da Ilha do Governador, vai ser conduzida para prestar depoimento na Polícia Federal.
Os policiais cumprem 35 mandados de prisão, 27 de condução coercitiva e 86 de busca e apreensão nos estados do Rio, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Ceará e no Distrito Federal. As principais áreas de atuação de Fernandinho Beira-mar são três comunidades de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense: favela Beira-Mar, Parque das Missões e Parque Boavista.
Após um ano e dois meses de investigações, a PF descobriu que o gerenciamento de Beira-mar levou sua organização a atuar como uma milícia. Os rendimentos são obtidos com a venda de botijões de gás, cesta básica, mototáxi, venda de cigarros e até com o abastecimento de água. O traficante é acusado de organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas.
A Justiça decretou a prisão contra dez parentes do criminoso. Os policiais prenderam cinco filhos de Fernandinho Beira-mar. Três advogados que atuam em processos do traficante, entre eles, a sua irmã, Alessandra da Costa, foram presos pela Polícia Federal. A mulher do traficante, Jacqueline Alcântara, já presa, será transferida nesta quarta-feira para Porto Velho, em Rondônia.
Nas investigações, a Polícia Federal descobriu que para fazer o esquema funcionar o criminoso contava com a colaboração de presos da penitenciária federal onde cumpre pena. Beira-Mar repassava bilhetes o vizinho de cela que entregava para a mulher durante a visita íntima. A companheira do detento Cleverson Santos levava para uma digitadora, em Porto Velho, que após digitalizar o recado. Em troca, a mulher do preso tinha estadia e transporte pagos pela quadrilha de Fernandinho Beira-mar.
Após a digitação da ordem, a digitadora enviava por email ou por mensagens de telefones celulares para integrantes da quadrilha do traficante. A cada semana, em média, um novo email era criado. Assim, Beira-mar tentou evitar o flagrante de ter algum bilhete apreendido com a sua caligrafia. Em 2010, vários bilhetes escritos pelo criminoso foram apreendidos pela polícia. Essa digitadora, que teve a prisão decretada pela Justiça, também cuidava da compra de passagens aéreas para que parentes viajassem do Rio a Porto Velho para visitar o traficante. Por semana, Beira-mar gastava R$ 20 mil em passagens aéreas.
Nas investigações da PF não se encontrou nenhum indício de participação de agentes do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) que auxiliaram nas investigações. Foi um grupo de agentes que encontraram em 2 de julho de 2015 um bilhete rasgado, escrito por Beira-Mar, nos fundos da marmita de refeição servida na unidade.
O primeiro bilhete foi transcrito pelos policiais federais:
“Segundo o Dr. Lopes me passou, esses telefones são criptografados e funcionam como se fossem uma central e que é impossível grampeá-lo, paguei US$ 3.000,00 (três mil dólares) em cada um. Eu não acredito que sejam 100% seguros. Vocês têm que tomar muito cuidado. Para que vocês possam ficar em perfeita sintonia, um ficará com os amigos que vão morar no Paraguai, outro com os que vão morar na Bolívia, outro com o Dr. Lopes, outro com
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