Apesar de grave, é estável o quadro de saúde do bebê Arthur, que foi
atingido por um tiro ainda dentro da barriga da mãe, Claudineia dos
Santos Melo, na última sexta-feira (30). O parto de emergência foi feito
no Hospital Municipal Dr. Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, na
região metropolitana do Rio, onde Claudineia teve alta nesta sexta (07).
Segundo os médicos do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, unidade de
referência na região, a evolução do quadro de saúde do bebê é boa. Ele
respira sozinho, sem ajuda de aparelhos. Arthur foi levado ainda na
sexta-feira para o hospital. O coordenador médico da UTI Neonatal do
hospital, Eduardo de Macedo Soares, destacou que a atuação da equipe no
hospital municipal Dr. Moacyr do Carmo foi importante para estabilizar o
menino, para que ele pudesse ser transferido.
Soares ressalta que Arthur continua internado na UTI Neonatal e está com
quadro de paraplegia, mas as chances de recuperação são boas. “Existe
esperança, porque no bebê existe uma coisa que a gente chama de
neuroplasticidade, o bebê pode sim regenerar algumas áreas
[neurológicas] e voltar [a movimentar as pernas], mas é muito cedo para
qualquer prognóstico. É um quadro clínico grave, ele respira por conta
própria, porém ainda precisa de um suporte mínimo ventilatório. É um
bebê [em situação] grave, mas já está fazendo dieta, já foi para o colo
da mãe, então está progredindo como a gente espera”.
De acordo com o coordenador médico da neurocirurgia, Vinícius Mansur
Zogbi, o bebê passou por uma cirurgia para descompressão da medula na
terça-feira (4), após fazer uma ressonância nuclear magnética. “A
cirurgia foi muito satisfatória, o exame de imagem não mostrou
rompimento da medula, o que também vimos na cirurgia. Tinha muito edema e
contusão. Isso foi muito bom, a cirurgia foi bem feita, bem sucedida.
Mas qualquer prognóstico agora é muito precoce para a gente falar, tem
que esperar um pouco. A pior das situações é que ele não volte a mexer
as pernas”.
Zogbi destaca que também não houve lesão no cérebro. “Quando o projétil
pegou no crânio, ele teve um traumatismo craniano, mas não teve nada
intracerebral, foi um hematoma subdural, entre o osso e o cérebro, então
é um prognóstico muito melhor do que se fosse alguma coisa
intracerebral, ele vai recuperar. O projétil passou de raspão no crânio,
lacerou a orelha, entrou no ombro direito, fraturou a clavícula, entrou
no tórax, fez a explosão da terceira vértebra, fraturou a quarta,
cruzou para o pulmão esquerdo e saiu pelo lado esquerdo”.
Os dois médicos concederam entrevista à imprensa na manhã de hoje (7),
ao lado do secretário estadual de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr. O
secretário agradeceu o empenho dos profissionais e disse que a família
terá todo o suporte da rede pública para o desenvolvimento de Arthur.
“Ele está tendo um excelente tratamento, a rede do Rio de Janeiro tem
essa excelência. A gente vive numa verdadeira guerra urbana, esse ano já
atendemos mais de 650 pessoas baleadas nos nossos hospitais e nossas
equipes são preparadas para essa situação. Quero parabenizar os
profissionais. Quando houver a necessidade de reabilitação, a gente vai
tentar que essa criança seja referenciada tanto na Rede Sarah quanto na
ABBR [Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação], que são
equipamentos públicos, filantrópicos”.
Agência Brasi
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