sábado, 22 de setembro de 2018

Polícia Federal conclui que autor do atentado a Bolsonaro agiu sozinho


Polícia Federal deve pedir mais 15 dias para apresentar relatório do caso à Justiça Federal
(Foto: Ricardo Moraes/Reuters) – Depois de duas semanas de investigação, a Polícia Federal (PF) não encontrou, até o momento, nenhum indício de que Adélio Bispo de Oliveira tenha agido a mando de uma segunda pessoa quando esfaqueou o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL), conforme disse ao GLOBO uma fonte que conhece o caso de perto. Não há indicativo também de que Adélio tenha recebido ajuda de uma outra pessoa para cometer o crime, como chegou a ser especulado no início. A Polícia Federal concluiu hoje a primeira parte da apuração e pediu prazo de 15 dias para apresentar relatório final do caso à Justiça Federal.
Depois de encerrado este primeiro inquérito, a polícia deverá abrir uma nova investigação para aprofundar ainda mais a apuração do caso. Mesmo sem indicativos claros de mandantes ou participação de terceiro, a polícia pretende esgotar todas as hipóteses para não deixar nenhuma margem de dúvida sobre as circunstâncias e as responsabilidades pela tentativa de assassinato do candidato à Presidência. Para investigadores e pessoas próximas ao caso, o segundo inquérito seria mais uma medida de cautela da polícia contra eventuais críticas que propriamente uma necessidade.
O resultado das investigações converge com a versão apresentada desde o primeiro depoimento por Adélio. Ele agiu por conta própria motivado por divergências políticas com Bolsonaro. Num novo depoimento, prestado na segunda-feira, Adélio repetiu que esfaqueou o candidato por causa de “divergências ideológicas” entre os dois, segundo disse ao GLOBO uma fonte. Para chegar à conclusão sobre a inexistência de um mandante, a equipe de inteligência da polícia fez uma devassa nos dois últimos anos da vida de Adélio.
Policiais vasculharam computadores, dados armazenados em celulares, contatos telefônicas, redes sociais, contas bancárias e relações pessoais, entre outros aspectos da movimentação de Adélio. Mais de dez policiais, considerados altamente qualificados, foram destacados para levantar informações e checar detalhes mínimos do caso.
“Para o pleno esclarecimento dos fatos apurados, até o momento a Polícia Federal entrevistou 38 pessoas, colheu 15 depoimentos formais de testemunhas, realizou três interrogatórios formais do preso e analisou dois Terabytes de imagens. Foram realizadas diligências investigativas em Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba, Uberlândia, Pirapitinga, Belo Horizonte e Florianópolis”, diz nota divulgada pela polícia nesta tarde.
A polícia pediu duas semanas de prazo para concluir quatro laudos, que ainda estão sendo preparados. Outros cinco laudos já estão prontos. Os laudos a serem fechados conteriam detalhes técnicos que não devem afetar as conclusões preliminares. O resultado da apuração, ainda que o caso continue em andamento, esvazia em parte a teoria da conspiração política alimentada por alguns dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, sobretudo logo nos primeiros dias depois do crime.
Adélio esfaqueou Bolsonaro na tarde de 6 de setembro, quando o candidato era carregado nos ombros de apoiadores durante uma caminhada em Juiz de Fora. Ele foi preso em flagrante e, em depoimento à Polícia Federal, confessou o crime. Mais tarde, advogados disseram que ele tem problemas psiquiátricos. Investigadores reconhecem a existência de supostos distúrbios, mas entendem que os problemas não seriam suficientes para reduzir a gravidade do crime ou a responsabilidade do autor no atentado.

Por: O Globo

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