A segunda fase da operação “Apate II”, da Polícia Civil, investiga a conduta de grupo financeiro, situado na capital paraense, que supostamente recebia dinheiro proveniente do tráfico de drogas de outros Estados (Foto>Cristino Martins/ O Liberal)
Um dos envolvidos é o empresário Fernando Araújo de Castro, conhecido como Andy, que foi fotografado durante a prisão, no início da tarde de terça-feira(12), na Delegacia Geral, no bairro de Nazaré, em Belém.
Três empresários ligados à agência de apostas esportivas on-line NBet Pará, de Belém, foram presos, nesta terça-feira (12), na segunda fase da operação “Apate II”, deflagrada pela Polícia Civil do Pará e pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
As investigações apontam que o grupo lavava dinheiro do tráfico de drogas por meio de empresas e associações de fachada, dentre elas a NBet Pará.
Em pouco mais de um ano, foi movimentado um valor estimado em R$ 150 milhões.
Também foram apreendidos valores de dinheiro, em espécie, em reais, euros e guaranis (moeda do Paraguai), além de quatro veículos de luxo.
Um dos envolvidos é o empresário Fernando Araújo de Castro, conhecido como Andy, que foi fotografado durante a prisão, no início da tarde de terça-feira(12), na Delegacia Geral, no bairro de Nazaré, em Belém.
Uma fonte ligada à polícia confirmou que os outros dois presos são conhecidos como Leleco (preso em Belém) e Fabão (alvo na capital paraense, mas preso em Imperatriz, Maranhão).
Mesmo solicitada, a Polícia Civil do Pará se negou a revelar a identidade dos três detidos.
Segundo a Polícia Civil, a investigação começou após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras comunicar o caso.
Agora, os suspeitos ficarão à disposição da Justiça e o juiz que deferiu os mandados será comunicado de que a ação foi concluída.
Em nota, a Polícia Civil do Pará detalhou que foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária, em Belém, além de outros quatro mandados de busca e apreensão, dois na cidade paulista de Ribeirão Preto (SP) e dois em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.
De acordo com a delegada Ana Paula Mattos, titular da investigação, a operação foi iniciada no ano de 2020 e investiga um complexo sistema de lavagem de dinheiro nos Estados do Pará, nos municípios de Tailândia e Belém, e em outros Estados, como São Paulo e Rio Grande do Sul.
“A segunda fase da operação visa investigar a conduta de grupo financeiro, situado em Belém, que supostamente recebe dinheiro proveniente do tráfico de drogas de outros Estados, sendo tais valores utilizados para constituição de empresas de fachada e fantasmas, nas quais seus proprietários estão diretamente ligados à lavagem de dinheiro,” destacou a delegada.
Ainda de acordo com a nota da polícia, as investigações apontam que o grupo criminoso é composto por três sócios majoritários e cinco empresas.
“O grupo teria movimentado, em pouco mais de um ano, um valor estimado em R$ 150 milhões.
A apuração policial também identificou que o grupo atua na exploração de jogos e apostas esportivas”, pontuou a nota.
O delegado geral da Polícia Civil, Walter Resende, observou que o trabalho contou com a participação de 36 policiais integrantes da Diretoria Estadual de Combate à Corrupção (DECOR), Núcleo de Inteligência Policial (NIP), Diretoria de Polícia do Interior (DPI), além de equipes da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco). Resende frisou, ainda, que as investigações vão continuar a fim de levantar mais informações sobre a atuação do grupo, e, possivelmente, identificar outras pessoas envolvidas.
Na tarde desta terça-feira(12), a reportagem ligou três vezes para o contato disponibilizado pela NBet Pará no instagram, por meio da conta @nbet91para.
Durante duas tentativas, ninguém atendeu.
Numa terceira, a reportagem foi atendida por uma mulher que não se identificou.
Foi pedido o contato da assessoria de imprensa e da assessoria jurídica da agência de apostas.
A atendente disse que não poderia fornecer esses contatos e que não estava autorizada a passar nenhum tipo de informação desse tipo.
Em seguida, ela desligou.
Na manhã desta quarta-feira (13), a reportagem tentou novamente contato telefônico com a NBet Pará.
Desta vez, ninguém atendeu aos telefonemas.
A Nbet mantinha contratos de patrocínio com clubes do Pará, como Remo e Paysandu.
A Assessoria de Imprensa do Paysandu afirmou que o clube não iria se posicionar, apesar de no perfil da NBet no Instagram (@nbet91para) a agência se apresentar como central de apostas do time.
Já o Remo foi contatado e afirmou que o clube não é mais patrocinado pela NBet.
Depoimento
Ainda nesta terça-feira, em meio à movimentação de amigos, advogados e parentes de presos na Operação Apate II, na porta da Delegacia de Combate à Corrupção, que fica dentro da Delegacia Geral da Polícia Civil, em Belém, o ex-candidato a vereador Vitor Magalhães (PP) e o cantor MC Loro intimidaram a equipe da Redação Integrada de O Liberal, que trabalhava na cobertura da ação.
Em plena delegacia, na frente de policiais, a equipe chegou a ser ameaçada por homens e coagida a apagar as imagens produzidas para a reportagem.
Repudiando o ocorrido, os profissionais farão o registro do fato em boletim de ocorrência e acionarão o Sindicato dos Jornalistas para providências.
Segundo a PC, Vitor e MC prestaram depoimento porque teriam recebido depósitos suspeitos da ação, mas não necessariamente estariam configurados na associação.
Primeira operação
A primeira etapa da Operação Apate foi executada em dezembro de 2020, quando um homem foi preso durante uma ação de combate à lavagem de dinheiro no município de Tailândia, nordeste do Pará.
Na época, a Polícia Civil cumpriu cinco mandados de busca e apreensão em residências da cidade.
As investigações apontaram que o suspeito, que respondia em liberdade provisória pelo crime de tráfico de drogas, estaria movimentando R$ 3 milhões nos últimos dois anos, segundo a PC.
O dinheiro tinha origem em um esquema de lavagem de dinheiro.
Por meio dos mandados, a polícia obteve os elementos que comprovaram que a movimentação financeira do homem era proveniente de atividades ilícitas.
Na época, celulares, documentos e uma quantia em dinheiro também foram apreendidos. Na mitologia grega, “Apate” era um espírito que personificava o engano, o dolo e a fraude.
Fonte:O Liberal
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